quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Muros


No início desta semana fiz algo que, por motivos diversos, não estou mais acostumada a fazer: parar para assistir TV. Relutante, eu parei. Assisti a uma notícia sobre a homenagem feita em comemoração aos 20 anos da queda do Muro de Berlim.
Em frente à tela vi uma cena onde estavam várias pessoas, em Berlim, prestes a derrubar peças de dominó gigantes e coloridas que estavam enfileiradas. As peças caíram uma a uma para simbolizar a queda do Muro.
O que mais me chamou a atenção foi o fato daquelas pessoas estarem lá reunidas, dispostas à prestar uma bonita e simbólica homenagem. Elas comemoravam um fato histórico, mais do que isso, comemoravam um resgate da liberdade, da vida e do direito de ir e vir

Parei mais uma vez e me questionei:
Até que ponto reformulamos nossos pensamentos e atos diante da destruição de algo físico?
O que um muro representa e quais são as suas variações?
Meu pensamento parou na Ilha. Parou em nós.

Florianópolis tem muitos muros.
Não com as mesmas proporções políticas, físicas e psicológicas agregadas ao Muro de Berlim.
Mas aqui também temos muros que podem ser chamados de muros políticos, físicos e psicológicos que representam nossa cultura, nosso modo de ser, agir e pensar.
Há diversos muros que são construídos e reconstruídos a todo momento.
Muros físicos para tentarmos nos proteger da crescente violência da cidade,
Muros etnocêntricos que impossibilitam o conhecimento sobre o outro que nos visita ou vem para ficar,
Muros psicológicos para a preservação da nossa "identidade",
Muros políticos que nos impedem de saber o que estão planejando para nós, cidadãos de Florianópolis.

Há tantos outros muros...
E há mais questionamentos.

Criamos muros com intuito de derrubá-los depois ou queremos apenas delimitar nosso território?
Quanto um muro pode nos proteger e nos aprisionar?
E ainda, o que podemos chamar de nosso?

As pessoas continuam chegando à Ilha. Umas retornarão para as suas cidades, outras permanecerão aqui.
As pessoas não deixarão de ir e vir, os muros continuarão sendo construídos, destruídos e reconstruídos.
A Ilha no futuro poderá ser cercada por muros do movimento "Fora Haole" ou, talvez, quem sabe, ela terá mais pontes e o padrão de Jurerê Internacional.

Os muros não podem nos impedir de ver as pontes.


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