quarta-feira, 26 de maio de 2010

Fato verídico

... e isolado do resto. Cada post, uma ilha!

Ele estava a toa quando a viu passar. Era uma garota bem arrumada, com passos apressados, postura determinada, uma pasta e alguns livros na mão. E ali, mais ou menos ali, entre a pasta, os livros, os braços cruzados e o ombro coberto, apoiava-se, de cabeça pra baixo, uma vassoura. Era uma imagem curiosa aquela que se projeta e ansiava em passar depressa por ele. Esse objeto desengonçado, o característico utensílio da dona de casa, simplesmente não cabia ali - não se encaixava.
Olhou em torno, para as outras pessoas que matavam seu tempo ao redor, no intervalo das aulas, mas ninguém parecia notar a cena destoante. Será que os outros não prestavam atenção? Ou quem sabe achavam aquilo completamente normal e passível de acontecer em um dia como qualquer outro naquela universidade? Chegou a cogitar se a visão daquela vassoura não era obra de sua imaginação. Enquanto pensava, a garota tomava a direção da direita, entrando no refeitório apinhado de gente. Perdeu-a de vista, então. E agora? Nem lhe houvera tempo para chegar a uma conclusão; para flagrá-la incomodando-se com aquele objeto estorvante; para correr até ela e talvez oferecer-lhe ajuda, como quem não quer nada. Jamais encontraria um porquê. Teve que se conformar: a garota se transformava agora em um bom conto para escrever.

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