domingo, 9 de maio de 2010

Qualquer coisa I

A falta de delimitação temática deste blog me causa, também, inquietamento. Parece mais difícil escolher quando a escolha não é feita entre duas, mas entre possibilidades infinitas. Me sinto tão atônito aqui, quanto quando vou ao supermercado comprar um simples shampoo e fico minutos escolhendo entre as infinitas variações do mesmo – acredito que eles embalam a mesma sopinha em plásticos de diferentes cor e tamanho.

Quando a aeromoça de uma viagem de avião – a única que fiz que teve janta – perguntava quase gritando com o sotaque canino dos anglo-saxões “beef or pasta!?”, a escolha era bem mais fácil, era imediata, por impulso, um segundo fazia diferença entre receber a amorfa refeição ou causar a fúria da ex-sex-symbol sexagenária. Eu, rapidamente, percebi qual dos males era o menor.

Aqui no blog a atonicidade frente ao escolher entre infinitos temas é agravada, ainda, pela falta de limite temporal objetivo – claro existe a obrigação semanal de escrever aqui, mas qualquer desculpa é válida para que nos furtemos dela. Esse post que faço agora, está 5 dias atrasado.

De qualquer coisa para qualquer coisa, entretanto, há uma diferença de interpretação. Claro, também, acredito perder o desafio, aquele de escrever sobre qualquer coisa. Porém, tal como quem aceita brincar de associação livre, acredito que ganho aquele outro desafio: o de enunciar a mim mesmo. Ou melhor, adquiro o desafio de suportar a perenidade do texto que escrevo aqui que, ao contrário da fala na associação livre que acaba no exato momento que surge, pode restar eternamente.

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