quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Et cetera...

Há poucos dias vi um cartaz por que o governo federal - se as armas da República não se deviam à arte de minha miopia - me incitava a pedir nacionalidade portuguesa e, consequentemente, o paraíso do livre trânsito pelas terras unidas de europa.
Ora, a idealização do velho mundo não consta de nenhuma nova e nós brasileiros não deixamos o stigma - ou seria antes o signo de nossa raça? - daquele que vinha a estas terras para voltar com as algibeiras cheias à sua pátria. Claro, sem se esquecer de antes bater os sapatos, ou simplesmente lançá-los às graças de Poseídon. Estivera aquela placa portanto a evidenciar nossa falta de lugar?
E que somos afinal, qual é o nosso lugar? O negro ao qual se impingiu a tirânica unidade da cor; o autóctone extirpado à terra, ao se chamar "índio", ou mesmo "autóctone"; os degredados, bruxas e ladrões, a escória, a face que o europeu quis aqui ocultar; os alemães, os italianos, os açorianos, os portugueses, aqueles ditos colonos fascinados pela propaganda mosaica de um Brasil de séculos atrás; a terra a identificar. Ou somos aqueles aos quais se destina o amparo daquela que um dia deu nome a esta ilha, Nossa Senhora do Desterro?
A busca por uma identidade nacional tem no mínimo dois séculos; ou parece que mesmo antes aquele que pisava nessas terras, já vinha porque se perdera. Desde aqueles romances e poemas, aqueles românticos que viam, ou queriam ver o paraiso perdido, ou destruido, ao fascimo de Vargas e ao slogan, aquele "Um país de todos", a soar, agradável e lisonjeiro, como a fístula de Pan, para que não se notem as pernas de bode, a pergunta é: que identidade e para quê? Não existe identidade do cisma senão de seu próprio corte. E se o desterro não deixou rastro algum?

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